E se a Lua fosse amante da Terra?


   A Lua é como uma bela dama vestida em seu vestido cintilante e coberto de pedrarias enquanto a Terra é apenas um pobre mortal esperando julgamento por ter se apaixonado pelo fruto maldito da árvore mais vistosa  do pomar chamado Mundo, enquanto o Sol vagueia em sua total ignorância, os amantes entram em universo paralelo até mesmo para os cientistas...

Os amantes se despendem um do outro como uma doença acometida, dando espaço ao Sol que reclama seu lugar, durante o dia a penumbra cai sobre a Terra, tendo que observar sua amada de longe sem nunca poder tocá-la, chega a ser cruel, até os pássaros sentem a tristeza que seus ventos carregam e o menor dos mamíferos sentem sob seus pés a dor que desatina no coração de seu pai.

Quando o Mar e o Céu se tocam no entardecer, trazendo consigo o penetra do pôr do sol, a Terra se anima novamente, a espera de sua amada, quando os pobres mortais dormem e seus filhos descansam, a única a presenciar o ato desinibido entre os amantes, e a Coruja guardiã da Noite e do segredo mais temível...

As Estrelas cansadas de avisarem a estonteante Lua de que o perigo é iminente, sente suas transformações de humor imparcialmente, desde sua fase mais sombria a mais bela, entre a noite mais estrelada e brilhante a mais apagada e triste, desde as lágrimas que carrega a tristeza que nubla seu vestido cintilante e coberto de pedrarias, o transformando em algo sem graça.

A Terra sofre com mesma intensidade, sofrendo não sozinho leva consigo seus pequeninos a compartilhar a dor, transformando o solo infértil e não deixando germinar seus netos, retirando nascentes- que lembra sua amada quando chora - e matando aos poucos o verde que tanto lhe dá orgulho, trazendo as almas mortais a desacreditarem em sua irmã Vida, esta que por sua vez passa um sermão em si, o que lhe diria a Morte, seu perverso tio?- Certamente agradeceria, de que outra forma teria o medo e o desespero humano? Além de corações cegamente vazios e presos em sua própria miséria palpável?

Enquanto as estrelas consolam uma Lua com temperamento conflitante, a Vida da um sermão em seu irmão irresponsável, a noite termina com um beijo dos amantes, o Sol reclama seu lugar chegando com os primeiros raios de seu esplendor, uma resposta circula o ar, o encontro seria ao anoitecer, ele a esperaria como sempre.
                                                                                                                                                               ♍

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